segunda-feira, fevereiro 04, 2013

Oitenta de Novo


O teu nome não começa em A, não termina em E e nem chega a ter um tom de vermelho, nem um feitio diferente na palavra. O teu nome não é diferente nem igual. É vulgar aos ouvidos dos outros, mas faz brilhar os meus olhos.
O meu nome não se confunde com o teu, não há nada aliás que se confunda contigo, que seja meu. Porque o que realmente se pode confundir, completa-se. E o teu nome completa-se com o meu no final de cada palavra, de cada frase. Certamente não vou ser o primeiro, se chegar a sê-lo, e até posso não ser o último, mas enquanto for eu o único, vou fazer com que a tua vida rime com alegria. Sim, vou fazer com que rime com a palavra melhor. E não, não vou deixar que essa palavra seja dor.
O teu nome não é melancólico nem tem tons de cinzento. O teu nome não é mais que isso: um nome. Mas não deixa de ser uma nota musical quando eu sei que nem estão a falar de ti. Não deixa de ser um acorde numa guitarra de uma música que estou a compor, ou uma palavra-chave neste texto que estou a escrever.

- Não. Não precisas de ir do oito ao oitenta por ela.

Por vezes decido fazer oito, porque não me pedem para fazer oitenta. Sim, nem sempre me esforço, nem consigo parecer natural uma conversa, mas garanto-te que ao zero nunca chega.

- Ah?


E estou a pensar ainda na maneira de fazer rimar o teu nome com o meu...



- Sim. Precisas apenas de separar o oitenta.

- Como assim?

- Oi, tenta!

O teu nome faz-me perguntas constantemente. E eu por vezes nem lhe respondo da maneira que queria, não que não fosse sincero, mas queria pintá-lo de outra cor. E consigo por vezes.
É verdade. E desculpa.
Eu faço textos em volta do teu nome, arrumo e desarrumo frases onde tu deixaste as palavras, e dou cor, aliás várias cores, ao teu nome. Só o quero tornar mais bonito e não o fazer cinzento como a maior parte dos que estão na lista telefónica ou gravados nas portas das pessoas. Porque o teu nome colorido é bem mais apetecível, como que um brinquedo que estava escondido.
O teu nome rima com Creep. Não! Não te estou a chamar verme! Eu refiro-me à parte da letra "You're so fucking special / I wish I was special". E também que se note que não me acho um verme, mas sinto e desejo isto quando penso que o teu nome deve rimar com o meu.
Acredita, que o meu maior defeito é talvez a timidez e o jogo seguro, não sair da zona de conforto, apesar de o ter de fazer o mais cedo possível. Ou então esperar que o teu nome se multiplique e de alguma forma rime com o meu no final deste texto.
Será que gostas mais do azul? Ou o verde? Não sei. Mas dou-lhe cor todos os dias, mesmo sem saberes. Espero que me desculpes e se a tinta não sair quando usas o diluente mais forte ou quando sais de dentro da banheira, só há uma razão. Pus o teu nome a rimar com o meu. E agora vamos escrever o futuro.

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