sexta-feira, fevereiro 15, 2013

A Rapariga dos Cabelos Castanhos: Zero

Decidi começar a escrever de novo, pelo principio e sem crónicas soltas sobre ela. E o primeiro ponto é ainda antes de nos conhecermos, o que começo por deixar no ar a dúvida: será esta rapariga real? Claro que as histórias são deturpadas pelo menos, porque escrever sobre Siena e Nova Iorque sem lá por os pés é mais complicado. Mas e se ela existir? Ou talvez ela revele facetas diferentes de raparigas diferentes. Ou seja apenas uma que possa ser a ideal. Pois, isso ninguém saberá, mas a verdade é que escrever sobre ela deixa-me mais aliviado, mais reconfortado com o destino que leva a minha vida, e também exprimir o que mais gosto de fazer, a escrita. Mas está na hora de voltarmos ao início: 

Capítulo Zero - Acasos e Dúvidas

Ninguém pode dizer ao certo qual o momento exacto em que comecei a gostar da rapariga dos cabelos castanhos, mas posso pelo menos lembrar-me de quando a conheci.
O céu dessa noite era estrelado, as luzes da cidade iluminavam as artérias principais e tudo era unificado no mar de estrelas que cobria a noite. Prometia grande festa nessa altura, e eu já tinha ouvido falar aqui e acolá daquela rapariga. Não tinha prestado particular atenção ao início confesso, mas depois do que aconteceu instalou-se uma nostalgia e uma responsabilidade sobre ela. Eu era jovem, tinha sonhos, ideias diferentes, mas tinha sobretudo uma coisa na cabeça: certezas. Tinha certezas que não queria levar uma vida de curtes e namoros interesseiros, tinha certezas no que queria, quando queria, tinha certezas do que ia fazer, mas a confiança interior muitas vezes não se revelava no exterior e isso era prejudicial...
O nome dela, como já perceberam, não vou revelar, mas podia ser qualquer um porque o fascínio estava noutros detalhes que por vezes nem consigo descrever. Nem era o físico, nem sei se era o psicológico, mas quando se gosta não se olha muito a essas coisas, porque há algo que nos desperta, e eu ficava mudo cada vez que a via ou estávamos perto por algumas ocasiões. Faltava-me confiança, e outros assuntos ainda podiam piorar.
Nessa noite as coisas ficaram por um beijo, e talvez não tenha sido o melhor inicio, mas eu precisava de manter o contacto, de criar oportunidade, de tentar... tentar!
As coisas não passaram de conversas espontâneas durante alguns meses, e eu associei a espera ao tempo que precisava ela para se recompor, tanto como eu, que vinha de uma relação difícil, e as coisas não estavam bem. Não, não a usei nessa noite. Tenho a certeza que me deslumbrei pelos olhos redondos e pelos cabelos longos e castanhos. Havia algo diferente.
E por vezes o destino, para quem acredita nele, prega-nos estalos, bombardeia-nos com dúvidas, e eu nessa fase tinha imensas dúvidas, porque precisava que ela me respondesse... No entanto eu não podia ir depressa de mais porque ia acabar por estragar tudo.
Não foi fácil, nesta fase ela já tinha de certo conhecido outras pessoas, feito outras amizades e eu não me habituei a isso, vendo cada pessoa que preenchia a vida dela como um ocupador do espaço que queria ser eu a preencher. E ver outros rapazes a aproximarem-se foi duro, muito duro...
Mas eu tinha de continuar a ser forte, e por uns tempos esqueci-a, como que um brinquedo que tens dentro do teu baú há anos e não o usas com medo de partir. Sim, eu deixei que outros ganhassem a corrida por ela, embora eu não soubesse se ela os ia aplaudir na chegada à meta... 
E sempre acalentei o sonho de poder voltar a tê-la comigo, como naquela noite. Não desisti secretamente, e talvez por isso tenha sido recompensado mais tarde, mas no entanto tinha de viver a vida e deixá-la viver enquanto me mantinha forte e sabia que tinha várias armas que podiam pelo menos manter-me assim. 
E usei-as todas, e talvez por isso, uns tempos mais tarde aconteceu o que aconteceu... mas isso é tema para outro capítulo.

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