segunda-feira, dezembro 24, 2012

Christmas Light's

Véspera de Natal.
A alegria era transbordante em todas as famílias que se encontravam às compras naquele dia, entoando pequenas canções de natal ou rindo das brincadeiras dos mais pequenos, maravilhados pelo tempo que se apresentava e chegavam as prendinhas.
O cheiro à folhagem seca e à terra molhada do Natal era contagiante devolvendo um aroma diferente aos narizes das pessoas repletos de cheiros desagradáveis das cidades. O Natal pautava sempre por ser uma época diferente das outras em que a solidariedade era maior, os cheiros mudavam e as pessoas sorriam mais, apesar de tudo aquilo que era a desgraça do país...
Todos os anos a árvore de Natal era copiosamente decorada e o presépio meticulosamente reposto e retirado da pequena prateleira da sala que guardava religiosamente as figuras centrais da igreja.
Fazia as últimas compras de Natal, lembrando-me quem é importante na minha vida, dirigindo-me depois à estação de caminhos-de-ferro. Tinha chegado, depois de quase duas horas de viagem, a rapariga dos cabelos castanhos.
Estava mais bonita neste Natal, ou então era característico do tempo eu achar isso, mas estava mais arranjada, com os lábios pintados e com outro brilho no olhar. No entanto, a magia continuava a ser a mesma que desde o primeiro dia soltava, com um olhar selvagem e um toque felino.
A viagem de carro foi rápida, transgredindo a estrada que se apresentava até minha casa sobre os paralelos e as pequenas lombas do caminho. Fazia lembrar outros passeios...
Chegámos a casa, e as apresentações fizeram-se e trocámos os presentes, mas não era igual, eu sentia que não era... e a vida seria diferente a partir daí. Embora tivesse ganho outras coisas...
- Que se passa?
A rapariga dos cabelos castanhos estava preocupada...
- A cadeira...
- A cadeira?
Silêncio.
- Não percebi...
- Está vazia...
De novo a ausência de som na sala ecoava como martelos gigantes...
- Desde Setembro que está vazia... Tu sabes que sim... Ele...
- Ele era o teu exemplo de vida, mas estava velhinho, tu sabes que era difícil...
- Mas custa...
Ela buscava as palavras. Um homem assim era bastante mais complicado...
- Era um bom homem... como tu!
- Eu sei...
- Então não lamentes, tem orgulho! Senta-te tu nessa cadeira e mostra que podes ser tão bom ou melhor que o teu exemplo!
- Tenho de o ser. Nem que seja porque tu mereces...



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