Está morto.
Tiara olhou nos olhos dele, fulminantes:
- Porquê?
Gargalhadas. William, segundo de seu nome, rei da extensão norte do Reino de Frewsland, desbagava em tiros fulminantes, ataques de riso que ecoavam pela sala aterrorizando a violência que se processou no salão de sua majestade, momentos antes.
- Um traidor... - disse rindo-se uma vez mais. Focou os olhos em Tiara, a mulher que tinha casado e que hoje vestida uma túnica negra, prometida ao reino, filha de Klaus Wilshere, senhor do castelo de Shering, dono das mais altas propriedades do reino do Sul, Wallswaves, sobre o qual o corpo jazia no chão sangrento do castelo.
- Era meu pai, serviu-vos como ninguém! Era rei do Sul, Wallswaves, recordas-te? - perguntou, com olhar revoltante.
- Promessas quebradas! Onde estava ele quando a ponte de Thyron caiu? Onde estava ele e o seu exército de 40 mil homens? - insurgiu-se Walker, comandante do exército real e porta-estandarte máximo de Frewsland, ou simplesmente, o Norte.
Escorriam lágrimas de Tiara Wilshere. Injustiça! Era seu pai, seu mais amado pai. A quem a sua vida devia, que a ensinara a ser uma mulher. E como estaria a sua mãe Heither? Certamente derramando lágrimas como perdida num quarto do salão de Ermouth, capital do Sul.
- Ele não te apoiaria nessa guerra, tu sabias que...
- Se não é por mim, é contra mim! O Sul está em dívida com o Norte e começou a pagá-la com o sangue do seu Rei! Wallswaves deve lealdade a Frewsland e ao dono de Araugthin, o teu rei e senhor, William II que por direito e descendência de Albert, quarto de seu nome merece governar!
William, pensava agora nas consequências que o gesto podia catapultar. A revolta do Sul podia ser um tumulto, mas uma oportunidade para reunir as gentes dos dois reinos. Há muito que cobiçava o trono do Sul e a sua união poderiam defender melhor o Império contra as forças de Guillerme, o reino do Além-Mar, ou Intocável como se auto-intitulava.
- Sabeis o que vai acontecer?
- Estou certo disso. E preciso de saber se defendes a tua lealdade para comigo ou serás fiel ao teu pai e ao reino do Sul?
Certamente mandaria mata-la se não jurasse lealdade ao seu rei, ao homem que fora obrigada a casar. Se fugisse até ao limite do reino do Norte teria de passar por demasiadas cidades e sabia que não conseguiria escapar às garras do rei. Esperaria que o jovem irmão de 19 anos, Robert assumi-se o cargo de liderar as tropas e uma vez conseguido um milagre de chegar a Araugthin a libertasse. Teria de rezar aos deuses a missão impossível...
- Sim meu rei. Sou te leal como promessa do nosso casamento que unimos e assumo a traição de meu pai, Klaus, que nada merece de vós. Porém aviso-o que as gentes do Sul fervem rápido, e já estarão organizadas, mesmo que em menor número para resgatar o rei. Sabendo agora que depois de semanas preso foi morto, terá de enfrentar a sua raiva...
- Estou consciente disso. É bom que o sejas! E o teu irmão, esse bastardo que chamam Robert, o Prometido, se se insurgir contra mim terá o destino do seu pai!
- Sim, vossa majestade.
O silêncio ecoou no salão e a corte esperou uma última palavra do Rei...
- Reuni o exército por precaução. Poderemos ser atacados. Avisai as cidades mais a Sul para se prepararem Walker! E vós Padre...
Irrompeu no salão como uma flecha um homem pequeno, correndo rapidamente e ajoelhando-se aos pés do rei soltou:
- Majestade, um grande mal disparou sobre nós!
- O que se passa Ryan?
- Queensland...
- O que se passa em Queensland? - insurgiu-se William.
- Foi tomada. Por Robert... num par de horas.
Ajoelhando-se perante os restantes, brandiu a espada ao alto e disse:
- Começou. Seremos fortes e vitoriosos. A Frewsland!!!! Ao Norte!!!!
- Ao Norte!!!!
Sangue.
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