A diferença entre o veneno e o remédio é a dose.
Roger StankewskiSaio à rua numa manhã de Agosto e as coisas parecem mexidas, vivas. Há uma explicação: a emigração que existe no nosso país é visível nesta época, quando regressam os que podem regressar (que parecem mais que nós!) e mostram algum do que podem exibir, alimentando a nossa economia, que com esta época do ano paga quase o resto das contas no ano que passou. Mas são cada vez menos a voltar e cada vez mais a ir embora.Portugal tornou-se num exportador enorme de jovens recém-licenciados, com qualificações altas e grandes capacidades de potencial aproveitado por outros países. O que estamos a fazer? Será que não há mesmo emprego em Portugal?A resposta pode ser dada de duas maneiras: sim ou não. Sim, não há emprego, porque efectivamente as empresas despediram e as que abriram não absorvem todos aqueles que querem trabalhar o que comprovam dados estatísticos. Não, porque se analisarmos algumas áreas podemos ver que os empregos são ocupados por pessoas que detém outros cargos na mesma área. Há várias pessoas que chegam a estar em 3 e 4 empregos ou "semi-empregos" a serem remunerados por cada um. A pergunta é: será que não poderíamos ser mais justos?Poderíamos. Mas o problema não parte do Estado, que pouco pode fazer, mas sim de quem contrata, porque querem experiência devido à instabilidade e na dificuldade em arriscar (risco zero) enquanto uma pessoa a ser inserida no mercado trabalho daria uma visão diferente (apostar para ganhar ou perder). É um problema de mentalidade, claramente.Talvez seja errado, ou talvez haja quem não concorde, mas isto é um problema de fundo na sociedade porque não conseguimos obter mudança! Enquanto não nos mentalizarmos que tudo acontece com trabalho, mentes abertas e espírito de conquista, nada será mudado.É por isso que o Remédio de cortes sucessivos deixa os portugueses à beira do descalabro social (já não atingimos?!) com um risco de pobreza de quase 3 milhões em 10 milhões e tal... Quase 30% da população vive no limiar ou perto disso. O risco é enorme, o desespero instala-se e nós continuamos a ouvir promessas de quem não corta os seus ordenados e as suas despesas. Sim! O Governo vive acima das possibilidades do país, porque há coisas ainda a fazer e o exemplo deve vir de cima...E que alternativas? Precisamos de pensar o que deve ser aposta do país. Há tantas coisa que podíamos gerir de forma sustentável. Portugal tem recurso altamente rentáveis para o país, como o recurso marítimo, o fluvial, o geológico. Temos tantas possibilidades e aproveitamos tão pouco. Não precisamos de mais cortes, isso não é o caminho! Precisamos de fazer renascer o investimento no país e dar um empurrão à economia, ser mais justos na distribuição de bens e pensar que modelo social seguir. Precisamos urgentemente de mudar, ou não conseguiremos pagar o que devemos. Mas cuidado, precisamos além disso de impor os nossos interesses com as nossas armas. Não esqueçamos que quem nos pede dinheiro também já nos deveu e foram perdoadas dividas enormes à própria Alemanha. É preciso cuidado com esta Alemanha...E esse tal remédio de cortes... pode vir a ser o nosso veneno!
Caro Amigo Falcão Observador,
ResponderEliminarDe certo que no decurso da leitura atenta do que aqui redijo, chegarás a uma conclusão acerca da identidade do redator.
Não tenho por hábito proferir comentários a opiniões alheias, pois considero que é na ação de cada um que nascem soluções concretas, e se assim pensarmos, nem sempre sobra tempo para manifestarmos aquela que é a nossa Opinião (algo que com o passar dos anos descobri ser vago e aberto, em todos os seus domínios). E porque decidi comentar este texto?
Em primeiro lugar porque ao lê-lo vejo que o método Escutista em ti resultou, facto que certamente deixará Baden-Powell, no seu transcendente, deveras orgulhoso. E isso por si só é sinal de Alegria e Esperança, e como tal, convém ser registado, de modo a que se tenha a clara noção que é esse o Rumo Certo.
Não irei comentar o conteúdo do que escreves, pois com a tua Inteligência, Honestidade e Bom Senso, irás chegar à conclusão que é justamente a carência desses valores (transversal a toda a Sociedade e, por isso, reflectida nos cidadãos que fazem política) que nos conduz ao abismo, mais do que qualquer linha ou orientação concreta.
"Quem não vive para Servir, não Serve para viver"
Fraterna Canhota, com Estima e Amizade