sábado, junho 30, 2012

Insónia

Desculpa.
Mesmo sem culpa, peço desculpa.
Estás fria, sem alma.
Dizes que mudei, que não sou o mesmo.
Mas perco a calma,
Quando tu já não subrepões sobre a minha palma,
Qualquer resto de ti.

Tenho saudades de princesas,
Contos de histórias, resmas de reis,
Sapos doidos malucos,
Principes guerreiros astutos,
Blocos de notas, livros, papeis,
E barcos navegados por comandantes brutos.

Memórias invocadas,
Rias navegadas, no septo do coração,
Na crossa da aorta, na minha veia porta,
Já não sei onde anda a razão
Saudade, é bem escrita,
Numa pequena cabanita,
Junto à raiz do coração.

E eu mudei?
Talvez o tempo me desgastou,
Fez-me mais forte, mais racional,
Mas também te tornou emocional
Como um raio de chuva que não cai
Uma corrente que não vai,
E o vento que não levou,
Sinto-me perdido, caido,
O meu coração voou,
Mas a Saudade, ficou.

quarta-feira, junho 20, 2012

A Grandeza de sermos Pequenos: crónicas do Euro'12



17 de Julho de 2012. minuto 73. (2-1)
Um nome, um momento, o segundo golo de Cristiano Ronaldo fez-nos levantar em nossas casas, praças, cidades, loucos de alegria. Estava consumada uma reviravolta anunciada, sempre sofrida, bem ao jeito lusitano, mas merecidissima. Nessa noite já ninguém dormia na sala porque os Quartos eram nossos, e mandavamos de uma assentada Dinamarca e Holanda para fora do Euro. Ao mesmo tempo eliminar a selecção que ficou a nossa frente na fase de qualificação e a vice-campeã mundial é obra. Mas as vezes somos demasiado queixosos. Somos um país pequeno com prestações altissimas a nível futebolistico. É preciso recordar que sempre que fomos a fase final, passámos da fase de grupos do Europeu, e sim, nisso somos únicos, recentemente fugidos à Holanda que era a nossa acompanhante nesta façanha incrivel.
Ronaldo calou críticas, mas precisamos de recordar que não foi único. Houve um João Moutinho a tocar em todo o terreno uma orquestra que fez dos postes e de Stakelenburg (corrijam-me se estiver errado) um bombo lançando e bombardeando a sua baliza. Pepe continua, esse sim, gigante. É sem dúvida o melhor central do Euro, tirando tudo o que há para tirar e ainda criando situações de perigo iminentes, como a bola que esbarrou na barra da baliza germânica no jogo inaugural.
Críticas respondeu também Paulo Bento ou P.B., como gostam de adoptar agora nessa moda jornalistica de usar iniciais, talvez libertando um pouco a mente do que lhe vai na cabeça, e fazer perceber a união que existe e continuará a existir. Pena foi os jogadores recusarem-se a falar, embora com a sua razão na causa que defenderam, mas aposto que milhares de portugueses os queriam ouvir, a derramar palavras de felicidade sobre multidões que exultavam os heróis de Kharkiv.
Declarações bombásticas, e que embora não tenham sido ainda devidamente exploradas, são as de um tal de Platini, prevendo uma final "Alemanha-Espanha", ficando desiludido com a "Laranja" ter saído do Euro e ainda com pena dos dinamarqueses. De Portugal não falou ele, nem de outros países. Imparcialidade minima devia haver, mesmo claro, podendo torcer pela "sua" França, mas agora apoiar outras selecções?! Afinal a Uefa apoia elitismos? Há resultados feitos?
Pois, relacionado ou não com isso, estão vários casos, como beneficios à Polónia que pareceram evidentes, principalmente com os gregos, golos limpos anulados à Ucrânia frente a Inglaterra (o que fazem os árbitros de baliza?!) ou mesmo claros penalty's não assinalados a favor da Croácia contra a poderosa Espanha. Mereciam mais Ucrânia, Croácia e a própria Rússia, a maior surpresa da eliminação, pois foi bem mais afoita que a Holanda.

Com tudo isto restam-nos os Checos. O que esperar?
Um bom jogo, uma vitória em teoria (embora muito muito cuidadinho nas boas transições checas de Pilar e companhia), e nada de toques artisticos de Poborsky.

FORÇA PORTUGAL!!

terça-feira, junho 19, 2012

Saudade 2.1



Um dia a porta da rua abriu-se
A cidade despiu-se,
O reinado já quase acabou.

Os loucos advém e,
Batem à porta de quem,
A isto os levou.

Já nem o chicote os leva,
Já nem o bom senso os move
Quem a palavra é treva,
Num universo mais pobre.

O natural sentido da vida mundana,
A rotina incansável,
O rosto intocavél,
Na voz de porcelana.

Já não chama por mim à noite,
Já não diz que me ama,
A loucura em mim instalou-se
E a saudade complicou-se.

Há um vazio de ti,
Neste mar a dois,
Um toque de gelo,
A ponta de um icebergue,
Ao teu coração entregue,
Ao qual lanço sempre o meu apelo,
Mas nem responder a isso,
A tua saudade consegue.

Até saudade já faz a resposta torta,
O bater de uma porta,
Discutir a carne, o pão e o peixe,
Enquanto bebo mais um trago de vinho,
Vou correndo travar a porta...
Antes que ela se feche.