segunda-feira, novembro 18, 2013

O Falecimento Económico


A notícia dos últimos tempos tem sido a bombástica inversão do crescimento económico! É verdade, estamos a crescer, e o melhor é fazer já bandeira disto e festejar como uns loucos.
Afinal o Euro 2004 não se compara nada a esta vitória, uma vez que antigamente éramos uns tipos pobres, com dinheiro que mal chegava para as contas, a pagar pesados impostos, num país francamente atrasado. Agora tudo mudou! Somos agora brilhantes tipos pobres, com dinheiro que mal chega para pagar as contas, com impostos ainda mais bonitos e rechonchudos para pagar, num país francamente atrasado mas com índice de crescimento positivo.
Mas calma! O estado continua a alertar que vivemos a cima das nossas possibilidades. Claro que o problema está na questão de a maioria da população não estar disposta a falecer, o que causa um impedimento ao desenvolvimento. Enfim, são aquele tipo de gente que se agarra ao programa da manhã do Manuel Luís Goucha e diz afincadamente que não quer falecer, pois o dinheiro mal chegou para pagar a TDT e agora têm de usufruir de tal serviço.
É preciso ver bem como o povo português é teimoso e persistente. É gente que é capaz de ganhar 500 euros por mês e os gasta em comida. Comida! Um verdadeiro escândalo, visto que não estamos propriamente em países nórdicos. E ainda reclamam do décimo terceiro mês.
As pessoas não se limitam a viver a cima das suas possibilidades, também gostam de comer, manifestar-se e mesmo falecer a cima das suas possibilidades. Essa gente que falece por aí, só traz despesa ao estado porque é gente que se pendura em cordas ou se bombardeia com fármacos, e não tem em conta as despesas que o estado tem com arrombamentos de porta, análises, autópsias. E este é um dos problemas de Portugal: gente que nem para falecer tem jeito.
No entanto, há sempre grandes vozes que percebem estas questões como Margarida Rebelo Pinto, famosa filósofa portuguesa que garante sentir "repulsa" por quem se manifesta contra o Governo, estando "profundamente triste" com a "falta de civismo" e de "responsabilidade civil" de quem "interrompe o trabalho" de quem governa para protestar.
Realmente este pessoal que faz greves e falta ao trabalho para se manifestar, ainda por cima contra o governo é de uma má criação e de uma falta de civismo completa. É gente que vai com garrafões de vinho, bombos e cornetas cantar coisas que prejudicam o governo para ao pé do Parlamento. Gente que não tem nível, labregos armados em heróis. Gente que não consegue escrever livros e publicar na Bertrand.
Mas Margarida Rebelo Pinto esqueceu-se de um pormenor importante: isto é gente que porventura também não tem trabalho a que possa faltar.
Gente que vive claramente a cima das suas possibilidades e se manifesta a cima das suas possibilidades, devendo optar por uma notinha na porta do frigorifico com um símbolo relativamente a policias do anos 60. Enfim, com uma PIDE talvez esta cambada de gente incomportável se digna-se a levar a democracia a peito e com respeito.
Porque é gente que pratica uma guerrilha social e não percebe a sua função para ajudar o país: abrir uma garrafa de champagne, festejar o crescimento e em seguida, se não houver mais nada, falecer. E a falecer que seja dentro das suas possibilidades.

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