Jovem, tens ambições de
entrar no Ensino Superior mas ainda não concluíste o 12º Ano? Acabaste já o 11º
ano e procuras uma maneira de entrar sem exames? É fácil: o Ministério da
Educação e da Ciência dá-te a possibilidade de obter um curso de nível 5 com
equivalência ao 12º ano e parecido com as licenciaturas. E, claro, poderás
concluí-lo em apenas 2 anos com a possibilidade de te serem concedidas
equivalências no Instituto Politécnico que frequentas, através de um Concurso
Especial, criado especialmente para o efeito.
“...o Ministério da Educação e da
Ciência dá-te a possibilidade de obter um curso de nível 5 com equivalência ao
12º ano e parecido com as licenciaturas”
José Mourinho voltou a
Inglaterra no ano em que Crato decidiu também ser “Especial”. A sua profunda
tentativa de atribuir Concursos Especiais de Acesso a tudo o que são possíveis
futuros alunos do Ensino Superior não fica nada atrás das estratégias do
“Special One”. Vai-se esquecendo é que as vagas especiais têm um teto máximo,
ou seja, apenas uma baixa percentagem de alunos é que poderá aceder por meio
destes concursos…
Depois da tinta que vai
correndo sobre ondas gigantes, praxes mirabolantes e outra atrações que o
senhor ministro e o governo nos vão proporcionando, eis que surge um assunto
verdadeiramente importante para os Politécnicos do País. No entanto, a tutela
prefere chamar os alunos e os institutos de educação para discutir praxe.
Apregoando que “luta por
um Ensino cada vez melhor”, o governo dirige-se agora para a total
descredibilização do Ensino Superior Politécnico que, para além dos cursos
acima referidos, pretende que cursos profissionais possam ser dados em conjunto
com os próprios politécnicos (entrevista à Antena 1 a 18/01/14), dando a
entender que pretende, entre vários objetivos, preencher horários de
professores com pouco tempo letivo, criar cursos para dar impulso a
determinadas regiões e, também, pela falta de quadros de nível 5 no país.
“...as associações empresariais de vários
pontos do país (…) não precisam destes cursos.”
É bonito tudo isto, não
é? Não fosse um absoluto estado caótico de objetivos irreais. Os cursos
possíveis que o Ministério pretende adotar não têm qualquer estudo de mercado;
as associações empresariais de vários pontos do país (por exemplo, de todo o
Norte de Portugal) afirmaram, após o Instituto Politécnico do Porto as ter
auscultado, que não precisam destes cursos.
E por falar em trabalho:
caso uma empresa possa contratar pessoas com um grau mais baixo (que tenham
frequentado estes cursos) em vez de licenciados a quem, por norma, têm de pagar
mais, qual será a opção da empresa, ainda mais num momento de crise que nós
vivemos? Parece simples, não parece? E nós vamos deixar que isto aconteça?
“...caso uma empresa possa contratar
pessoas com um grau mais baixo (…) em vez de licenciados a quem, por norma, têm
de pagar mais, qual será a opção da empresa (…)?”
Além disto, parecem ser
evidentes dois interesses inerentes aos politécnicos: o de captar alunos (por
cada aluno, o estado atribui um valor) e o fator estatístico (este mais do
interesse da tutela) que se resume ao aumento do número de licenciados no
Ensino Superior.
Num contexto em que o
Ensino Superior Politécnico compete por ministrar Doutoramentos ditos
“Profissionalizantes”, a ideia de integrar estes “short cycles” (que tem um
nome pomposo e parecido ao atribuído aos licenciados) e dos Cursos de caráter
Profissional, vai assim contribuir para uma descredibilização do Ensino
Superior Politécnico, que mais uma vez nos deixa a nós, estudantes que
pertencemos a este quadro, num profundo sentimento de incapacidade por não
termos uma opinião audível.
É por isso que Crato tem
sido anunciado como o próximo gestor de marketing de várias cadeias de Supermercados,
porque consegue, além de dar “promoções”, uma subida incrível no número dos
“lucros”. É dececionante que as pessoas olhem para Cristiano Ronaldo como um
ídolo e esqueçam o nosso Ministro da Educação e da Ciência, que tem uma
performance incrivelmente melhor que o CR7!
Mas o que me parece
incrível é que, num país como Portugal, o Ensino seja feito com base em
estatísticas e o que realmente interessa é poder aumentar o número de
licenciados, para depois a Dona Merkel, ou qualquer outra personalidade do
contexto europeu, nos possa dar uma palmadinha nas costas e um sorriso amarelo
como quem diz: “Portaste-te bem”. E estes cursos? Têm “cheirinho” a fundos
Europeus.
Estamos assim, a lutar e
a debater na FNAEESP (Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino
Superior Politécnico) estas ideias, uns mais a favor e outros mais
discordantes, mas com a certeza que não somos mais que um órgão consultivo do
Ministério.
E também esperamos
sinceramente que Nuno Crato volte aos treinos, porque com tanta bola ao lado,
não há clube que aguente!
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