sexta-feira, julho 26, 2013

11 Boas Razões para fazer férias em Mortágua



Mortágua, Viseu, Portugal. Porquê escolher uma terra do interior para fazer férias? A resposta está aqui em baixo:



1- Natureza
É a primeira e aquela que mais se vislumbra quando se chega a Mortágua. Ter dezenas de rios, riachos e ribeiras pelo concelho, uma densidade florestal enorme, algumas espécies características como raposas, coelhos e javalis, as Quedas de Água das Paredes, a serra do Caramulo pertinho e o Alto do Monção sem esquecer o Buçaco também bem perto de nós, com diversidade de espécies florestais, são sem dúvida as principais razões. O combinar da terra, água e ar por estes lados traz um ambiente único.




2- Água
Falta de praia? Se vem em busca de um belo mergulho, Mortágua apresenta-lhe outras alternativas diferentes do que a típica praia de areia. A Barragem da Aguieira, uma das maiores do país, tem um conjunto de características que permitem a prática de desportos náuticos e belos mergulhos. Existe mesmo uma marina no Resort Montebelo Aguieira, além de outras paragens mais solitárias como o Falgaroso do Maio ou Almacinha. Os rios são uma boa alternativa também para se dar um mergulho, que por aqui não faltam. E claro, as Quedas de Água. De maneira artificial, as piscinas municipais.



3- Centralização
É difícil associar esta palavra a um concelho do interior, mas de facto Mortágua ocupa uma posição central no que se refere a grandes centros. Se lhe apetecer ir a um shopping ou viver as emoções de cidades maiores, a CP garante-lhe em cerca de 30 minutos de intercidades ou 50 de regional a oportunidade de conhecer a cidade dos estudantes, Coimbra. Além disso também em uma hora de autocarro poderá chegar a este destino ou a Viseu, capital do distrito.



4- Cultura
As imensas iniciativas da Câmara de Mortágua, das Juntas, das Associações e das próprias pessoas trazem o melhor da cultura de Mortágua até si. Somos um concelho que trabalha muito pelas associações, pois há praticamente uma associação em cada aldeia (e são 92!) e as pessoas vivem destas iniciativas, de uma cultura "bairrista" que preserva as tradições beirãs. As Noites de Verão à sexta-feira ou a Semana das Tasquinhas: Feira das Associações e Festa da Juventude, são exemplo disso, levando por exemplo nomes como os Buraka Som Sistema ou a fadista Carminho. Não se resume só a festas claro, pois neste concelho o Cinema continua a exibir filmes aos fins-de-semana, um conceito muito raro nos concelhos do interior, já para não falar nos inúmeros teatros organizados pelo T.E.M. tanto no Centro Cultural como mesmo em associações do concelho. E não podemos esquecer, claro, as iniciativas da Biblioteca Municipal.


5- Desportos (radicais ou não)
Já falei dos desportos náuticos e volto a reforçar a ideia. A Barragem da Aguieira oferece esta possibilidade na sua imensa albufeira, como a canoagem, skysurf ou vela. Mas num ambiente mais de montanha, como nas Quedas de Água ou em outros sítios aprazíveis, pode-se praticar escalada, rapel e slide, por exemplo. A vasta mancha florestal também é utilizada para paint-ball. Desportos mais comuns como futebol e futsal, têm inúmeros torneios de verão pelo concelho e podem utilizar pavilhões (municipal ou outro), campos de jogos como Parque Verde, Vila Pouca ou mesmo o Campo Municipal. Além disso, o Ténis é uma modalidade bastante praticada, podendo usufruir dos campos posteriores às piscinas. Os vários multiusos dão a possibilidade de uma imensa quantidade de desportos a praticar.

Aventuris
Para estas actividades aconselho a Aventuris, com alvará 3/2011, uma grande referência no âmbito do desporto aventura em Mortágua, oferece neste concelho caminhadas guiadas, canyoning na ribeiras das Paredes, aluguer de bicicletas, paintball, entre outras actividades de turismo ecológico -» www.aventuris.com.pt


6- História e Arquitectura
Não é um concelho povoado de monumentos, mas não é totalmente estéril. A história está ligada a Mortágua essencialmente por 2 lendas: Juiz de Fora e a Lenda do Lago que deu origem ao nome de Mortágua. No entanto o concelho é povoado por lembranças da 3ª invasão francesa, que culminou na Batalha do Bussaco, em mais de 200 anos de história. Visitar os moinhos da Moura e de Sula, o museu militar do Buçaco, o Palace Hotel e o Convento do Bussaco, ou dar uma escapada às ruinas da Marmeleira ou mesmo a Igreja Matriz de Mortágua do sec XV. Além disto a Quinta dos Cancela de Abreu, ou as aldeias tipicas de xisto como a Tojeira, Truta de Cima e Baixo, tanto como outras aldeias como Almacinha, Meligioso que ainda preservam estas casas reconstruídas e ainda 2 pontes projectadas por Gustavo Eiffel da linha da Beira Alta. Há ainda a realçar a casa brasonada de Vale de Açores ou a Casa dos Viscondes de Vale de Remígio e respectiva capela. Um pouco mais longe ainda, o Museu do Caramulo.



7- Animação
A noite de Mortágua tem alguns pontos de interesse, pois os cafés e bares da vila têm recorrido a algumas iniciativas para animar as noites de verão. Em qualquer um deles vais encontrar por certo bom ambiente, boa música, boas conversas e boas pessoas. O acolhimento em Mortágua é um sinal marcante e a amabilidade e hospitalidade destas gentes sempre foi um ponto forte.
De dia também acontecem várias acções para manter as pessoas interessadas e participativas por estes lados.



8- Hotelaria
Durante algum tempo a hotelaria estava pouco desenvolvida em Mortágua, mas actualmente a aposta forte que algumas pessoas e empresas fizeram, torna Mortágua num ponto de boa qualidade hoteleira. É impossível claro, não falar do Resort Montebelo Aguieira, de categoria 5 estrelas, onde várias selecções, actores e pessoas importantes são clientes habituais, dado à excelência e do seu prestígio, tanto como a boa paisagem. No entanto não devemos descuidar do Hotel Monte Rio, junto ao nó do IP3, da residencial Juíz de Fora, no centro da vila e mesmo da Aldeia Sol, conhecida por "Por-do-sol", em Vila Meã, a caminho da serra do Caramulo.



9- Religioso
A religiosidade sempre foi um dos pontos vitais na região beirã e Mortágua não é excepção. O Santuário do Senhor do Mundo, num ponto alto junto à vila, além da paisagem deslumbrante tem também se transformado num local de fé, com procissões que ocorrem, tanto como a festa da Quinta-feira da ascensão. Marcadamente temos o Santuário de Chão de Calvos, situado no meio das freguesias de Pala e Sobral, originando a Lenda sobre o santuário. Há ainda festas como a da Tojeira, ou outras conhecidas por atraírem muitos fieis. Também a semana santa é conhecida por várias celebrações pela vila.



10- Acessos
Os acessos a Mortágua são bons. Qualquer pessoa pode chegar pelo IP3 facilmente, tendo depois percorrer poucos quilómetros até ao centro da vila. As alternativas são também a nacional 234 Mira-Mangualde ou outras via Águeda e Vouzela. A CP é também uma boa alternativa, como já referido em cima, com comboios da linha da Beira Alta, tanto da Guarda como vindos de Coimbra, optando por Inter-cidades ou Regionais, todos parando em Mortágua, à excepção do comboio Internacional Sud-Express. Em termos de rodoviárias, as Transdev assegura os trajectos que se resumem entre Coimbra e Viseu.



11- Explorar
Para quem gosta de acampar e andar pé, Mortágua é excelente. A abertura de caminhos florestais é essencial para o combate aos incêndios, mas tem também uma boa oportunidade para o turismo, pois podemos explorar o concelho por estes caminhos. Também existem muitas vias de acesso a várias aldeias. Por aqui pode-se fazer o trilho sinalizado das Quedas de Água, mas também explorar sítios como a barragem, o rio Cris, a ribeira de Mortágua, moinhos de rodízio. Também se podem explorar novas energias como visitar a Barragem, a Central Termoeléctrica (com base em queima de matéria florestal) e a energia eólica no Alto do Monção. E se gostas de fotografar, escrever ou qualquer outro tipo de arte, aqui vais encontrar muita muita inspiração. Eu que o diga! Há muito que explorar em Mortágua!


VISITE MORTÁGUA!

quarta-feira, julho 10, 2013

1.1 - O Perfume


A esplanada da cidade estava mais ou menos composta, com pessoas diferentes de parte a parte, sem novidades por sinal. Tudo estava igual, ora meio vazio ora semi-cheio, na tarde de verão de Julho quente ou talvez escaldante, que salpicava as cadeiras de ferro e plástico da praça.
O cheiro a café misturava-se com os aromas de gelado e até mesmo os perfumes das árvores altas que por ali estavam há anos, obra de qualquer senhor que vendia a sua cara em grandes janelas nas principais avenidas da cidade. Havia um cheiro que por vezes invadia aquela esplanada em certos dias que eu nunca conseguia decifrar. Mas habituei-me a ele, como os pássaros se habituam aos barulhos da cidade.
Olhava agora em volta e por vezes observava alguns comportamentos diferentes na cidade.
Tendencialmente as pessoas do campo, de onde eu era oriundo, eram de poucos afectos, ou melhor, de poucas demonstrações. A cidade era diferente, e por isso pior. As pessoas do campo provavam umas ás outras, davam antes atitudes, entreajuda de uma comunidade impossível de se ver na cidade... E hoje já nada é como antes.
As pessoas entretém-se a beber palavras em mensagens ou a saborear beijos e escutar conversas em vez de os sentirem. Abstractamente, será que ainda alguém sabe o que é sentir um gesto ou escutar uma acção? É a  tal crise de valores, que tanto se fala. Ou melhor... se "tecla".
O fumo os carros da praça misturava-se com o cheiro a cerveja acabada de tirar e de o café a sair na máquina. Os sumos e os gelados davam colorido à meia dúzia de cadeiras dispostas entre as mesas. E de novo apareceu o tal perfume. E pela segunda vez não liguei, porque apenas tinha sido por breve instantes como se estivesse a passar apressado ou atrasado para algum encontro. Talvez fosse um desses corredores que aproveitavam o final do dia para exercitar o seu corpo ou então algum maníaco das bicicletas que viesse a pedalar a toda a velocidade pela ciclovia. Tinha de conhecer o rosto daquele perfume!
A tarde ia caindo sobre o rio e os barcos desaguavam nas margens de onde saiam turistas, muitos e muitos turistas que por ali vinham passear. E o cheiro dos plátanos agora estava um pouco mais forte enviado pela brisa do rio. Tentava só ignorar o odor dos tubos de escape...
Era agora tempo de tirar o bloco de notas. Incrivelmente aquela paisagem da praça e do rio ao entardecer tinham-me dado alguma inspiração (ou talvez o perfume, quem sabe), e decidira esboçar uma ideia de um texto ou de preparar factos e temas para um livro.
"O melhor meio de transporte é uma folha de papel em branco..."
E então comecei a imaginar damas e duquesas, crimes e boas acções, fugas e cheiros, sons e visões, altos voos, caminhadas imensas, voltas ao mundo, sonhos e pesadelos. Infernos e Céus. Alfas e Omegas, milhares de estrelas...
E estava tão distraído nestas conversas comigo mesmo que nem reparei que pairava no ar o perfume e este seguia para dentro do café. Apenas a via de costas e até me parecia familiar!
Deixei então o Robinson Crusoé e o Napoleão em paz e esperei que o perfume saísse, e para meu espanto o rosto do perfume passou pé ante pé pelo balcão, como que uma bailarina a executar o seu número e debruçou-se sobre mim. Afinal já conhecia aquele cabelo.
- Olá. Por aqui?
Conheci-a, mas pouco. Já nos tinhamos cruzado algumas vezes... amigos em comum, etc.
- Sim. Vim espairecer. E tu? Senta-te e bebe qualquer coisa...
- Oh, desculpa. Estou com um pouco de pressa...
Olhei-a e pareceu-me ter ficado mesmo desapontada com o facto de não poder ficar. Sorri e resolvi olhar-lhe nos olhos.
- Não faz mal. Tenho estado a escrever também. E então és tu a dona desse perfume?
Ela abriu um sorriso rasgado.
- Parece que sim.
Ri-me, envergonhado.
- Parece que vamos ter de combinar um café...
Ela olhou-me desconfiada
- Parece-te?
Por fim, olhei a praça mais deserta agora e mais fresca, apenas com a brisa do rio e o bom cheiro dos plátanos, sobre o horizonte: apenas uma restea de sol. Sorri de novo e pisquei o olho enquanto, com um ar já mais confiante dizia:
- Tenho a certeza.
Ela sorriu, pegou na saca que trazia e foi-se embora. Tinha ganho a primeira batalha e o dia, mas a jornada adivinhava-se longa... E perfumada.