terça-feira, setembro 28, 2010

Mundo à Parte (o teu)

Por detrás da cortina espreito
Rosa-carmim, vestido lilás
O peito ofegante, um deslize curvado
Uma trança escondida nesse sorriso rasgado
Mil sóis recordam, tempos de laranja-lima
Perdidos e encontrados no faz-de-conta,
No baú da memória que guardo na gaveta de cima
E abro para contar esta história.

Batem à porta,
E eu, ainda bêbedo de sono, pergunto nesse instante:
Quem bate assim, com tamanha força de gigante?
Do outro lado, a voz de menina,
A voz de mulher que entra no relâmpago
Da minha mente, galopante somente dizendo:
Daniel? Ainda não foi desta que mudei de mundo...

Recordo então quem me fala
E por vezes há ainda uma réstea de esperança
Que sobra neste meu ser,
Mas assim fico a olhar a porta,
Para as malas que ela já fez e desfez,
Disposta a mudar tudo e a sair deste nosso mundo
E eu digo: Não vás...
Mas ela parece não ouvir. Estou mudo.
Ela não quebra essa regra,
E assim fico eu vivendo as emoções de jovem,
Que num dia de devaneio, Se suicide por inteiro,
O seu coração que cai prostado, agora.
Nesse chão geladamente cheio.
Foste embora...

Sem comentários:

Enviar um comentário